Bom dia, companheiros de guitarra!
Depois de um longo hiato estou de volta e chegando na voadora!
Pra começar, me considero um guitarrista amador, porém, um curioso voraz e leitor de fóruns de guitarra de longa data. Já sou dessa nova geração que aprendeu muita coisa através da internet, mas há uns 12 anos venho fuçando também com a mão na massa. Eu não costumo espalhar o senso comum na rede sem antes experimentar muito o que estou em dúvida. E essa dúvida do título me acompanha há muitos anos! Vamos a ela:
Quando eu comecei a tocar, eu não fazia a menor idéia das diferenças entre as diversas madeiras, captações, e até mesmo a diferença entre as guitarras, marcas, amplificadores, etc… Comprei a minha primeira guitarra, uma Squier Bullet, com base no valor que eu podia pagar. Essa guitarra foi passada pra frente não muito tempo depois, porque eu sentia que não tinha com ela o som que eu gostaria. Na época eu era cabeludo e queria fazer um som pesado! Nos rolos da vida consegui uma Jackson coreana com Floyd Rose, 2 humbuckers e 1 single coil no meio. Aprendi com ela a me divertir com a alavanca (tremolo bar) e fiz vários sons pesados, mas, com o tempo, também aprendi como é irritante não poder brincar em outras afinações devido ao tipo de ponte e suas condições. Por fim, voltei às origens e troquei a Jackson numa Tagima 635 (pra quem não conhece, ela é basicamente uma cópia das Fender Stratocaster) que me acompanha desde 2004 com o diferencial dessa última guitarra possuir escala clara, nesse caso, marfim.
Foi o meu primeiro contato com esse tipo de escala e, confesso, por motivos estéticos. Até então eu nunca havia pensado nos detalhes de uma guitarra e na diferença que isso provocava. Com o passar dos anos, a frescurice acaba nos afetando. Juntamente com a evolução tecnológica e a introdução de vários novos produtos no nosso mercado eu pulei de uma Zoom 505 II pra uma Zoom G1N, depois para pedais analógicos e depois entrei na busca de um timbre perfeito com um amplificador valvulado.
Com o equipamento mais refinado, você obviamente consegue prestar muito mais atenção aos detalhes e vai apurando os seus ouvidos. Enquanto que meu gosto musical também mudou e eu conseguia tirar com fidelidade vários sons do Pink Floyd eu sentia que a minha strato não era compatível com todo o tipo de som que eu ouvia das stratos. Pensei que os problemas pudessem estar nos captadores, inicialmente. O meu eterno camarada Frankli me trouxe uns captadores ativos da Schaller diretamente da Europa mas depois de instalados eu confesso que a diferença ainda não era grande e que o som que eu desejava não podia ser alcançado. Numa das minhas frustrações comuns eu botei fogo na minha Tagima. Embora esse experimento maluco tenha favorecido demais o timbre da minha guitarra, eu nunca cheguei ao som que eu ouvia em artistas como Stevie Ray Vaughn, John Frusciante ou Jeff Beck.
Bom, analisando os diversos vídeos e equipamentos desses artistas, eu reparei que todos eles usavam guitarras Stratocaster com escala de rosewood. Foi quando comecei a suspeitar que os muitos fóruns de guitarra que afirmam que apenas 10% de um pedaço de madeira não poderiam afetar tanto o timbre poderiam estar errados. Era tanta gente afirmando que a diferença era basicamente estética que eu demorei a desconfiar dessa possibilidade. Enfim, na minha busca louca pelo som desses guitarristas eu fui testar guitarras com escalas de rosewood e a minha grata surpresa foi a de que eu finalmente tinha como chegar no som deles bastando ajustar bem a altura dos captadores!
Acabou aí? Não… Existem inúmeras discussões que tentam minimizar a diferença entre as escalas e jogam a culpa no restante das madeiras. Alder, Ash, Swamp Ash, Basswood com maple top, Mogno, Marupá, compensado… Todas essas madeiras (ou agrupamentos) que podem compôr o corpo de uma guitarra de fato afetam algumas características de uma strato, mas eu testei vários modelos e garanto que aos meus ouvidos a diferença mais brusca está no material da escala, captação e modelo da ponte.
Ontem eu estava procurando ouvir a diferença entre captadores de alnico e captadores cerâmicos (discussão que pode aparecer em algum post em breve) e cheguei a um vídeo onde a diferença entre as escalas ficou muito evidente e com ele me inspirei a escrever esse post. O link pra análise agora é de vocês:
Pra mim é bastante evidente, mas muita gente acha que é algo subjetivo, que não se trata apenas das escalas, etc…
Ao meu ver: O som das escalas claras (com acabamento em verniz, normalmente) possuem um som mais estalado, com menos graves e menos sustain. É um som mais clássico e facilmente identificado nas performances de David Gilmour ou Eric Clapton.
Já o som da escala escura é mais focado, menos brilhante porém com mais graves e com sustain prolongado.
Uma explicação física simples consiste em afirmar que a mudança entre as madeiras da escala (com suas diferentes porosidades e durezas) faz com que a corda também vibre de maneira diferente quando você pressiona a corda contra a madeira, conferindo um som bastante diferente de acordo com a escala e seu acabamento.
A opinião agora é de vocês! Fiquem a vontade pra discutir e espalhar esse material!
Atualização: Sugiro que acessem os comentários e vejam a contribuição do leitor Rafael Ferrace na discussão! Ele compartilhou um material excelente para comparação e discussão do assunto.
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