Produtos Clássicos

Recentemente comprei um jogo de válvulas igual a este:

tubesTrata-se de um par de 6L6GC casadas. Comprei em julho e só ontem resolvi abrir e testar. As válvulas originais do amplificador supostamente também são Groove Tubes, mas olhando contra a luz é possível ver gravado Sovtek nelas. Até aí tudo bem, não desgosto da marca, mas não precisavam fazer tanto barulho como se fossem de outra marca. A Groove Tubes é mais uma marca clássica no mercado, mas também adotou a mesma política de venda e promoção massiva de outras empresas. O kit da foto testei e não achei nada de novo. O som é legal, um timbre quente, mas satura muito fácil comparadas com as Sovtek. Você vira a caixa e vê uma etiqueta “Made In China”. Acontece que as válvulas não são Groove Tubes, apenas recebem a Logo e são vendidas por 50 Dólares lá fora e chegam a custar 300 Reais no Brasil. A dica é: Se for comprar válvulas casadas, compre Sovtek ou JJ. É a dica que dou para quem compra por aqui. Se for comprar lá fora pesquise bem. Eu precisava de válvulas novas então estas chegaram em boa hora, mas não são válvulas “profissionais” na minha humilde opinião.

Acontece que as marcas hoje exploram o Marketing daquilo que um dia fez história, e tentam vender réplicas ou até mesmo modelos melhorados.

Isso aconteceu com o Fuzz:

fuzz

Também rolou com overdrives e amplificadores:

bassman ts

Não questiono a qualidade de muitos destes produtos pois sabemos que é ótima, mas acabam mexendo muito com a ilusão dos produtos vintage. Quem quer realmente algo vintage precisa preparar o bolso e ir para os leilões para conseguir coisas realmente boas. Do contrário, ir atrás do que as marcas falam é ter o sonho que vai ter um som de um equipamento antigo.

Entre propagandas e comentários de internet a coisa fica tão confusa que as pessoas acabam engolindo a história errada, como é o caso dos captadores Fender Texas:

caps

Em qualquer buraco que você vai a primeira coisa que falam é que esta era a captação utilizada pelo SRV. Mentira. Não existia este modelo de captadores na época. Se existisse encontraríamos modelos antigos e até NOS (New Old Stock) para comprar. Ele utilizava captadores alnico originais da Stratocaster. Após a sua morte foi feito um estudo nos seus instrumentos e desenvolveram captadores com características aproximadas, aos quais batizaram de Fender Texas.

O motivo principal desse post foi uma conclusão engraçada que cheguei a uns dias. A guitarra é hoje um dos instrumentos mais populares do mundo. A internet é um lugar onde você acha tudo e mais alguma coisa. Entretanto, informação sólida sobre os equipamentos você não encontra. O que mais tem é pessoal brigando em fóruns e bilhões de links que te levam para propaganda e marketing cara de pau de produtos que muitas vezes são uma porcaria. O mundo da guitarra na internet hoje é um grande espaço de publicidade e faz falta sites com conteúdo legal, investigativo. Existem, mas ainda são poucos e cada um com um foco específico. Foi pensando nisso que iniciei uma busca por estes sites para compartilhar aqui no blog. Na medida que posso vou fazendo as minhas investigações e também vou compartilhando com vocês opiniões sobre as coisas. Na próxima semana vou trazer um site muito bacana com um conteúdo porreta sobre guitarras.

Até lá

Morley Bad Horsie 2

topo

Um pedal não tão popular aqui no Brasil e complicadinho de encontrar. A Dunlop domina hoje o mercado de pedais Wah-Wah no mundo todo. A Morley é também uma marca muito tradicional e conta com um histórico longo de produtos. Hoje falo um pouco do exemplar Bad Horsie 2 desenvolvido com a direção do guitarrista Steve Vai. Eu estava a uns 5 anos ou mais para comprar finalmente um Wah-Wah para o meu set de pedais, mas sempre acabei investindo em outras prioridades. Pois bem, quando chegou a hora de escolher fiz uma ampla pesquisa e acabei optando pelo modelo Bad Horsie 2.

O principal motivo da escolha foi a robustez e a durabilidade destes pedais. O tempo de vida útil é enorme graças ao sistema óptico na parte de controle que dispensa potenciômetros e assim elimina por completo o problema de desgaste mecânico. Outra coisa que motivou a compra foi ter conhecido um guitarrista que se estapeava no Ebay pelos modelos PWB da década de 70:

pwb

Tive a oportunidade de ver e ouvir de perto um modelo antigo assim e senti que no futuro deveria ter um pedal com essa pegada. Já toquei com vários Cry Baby e gosto, mas sempre gostei da resposta mais gutural e agressiva que os pedais Morley dão. Foi bem por isso que o guitarrista Steve Vai encontrou na marca a solução para a sua proposta sonora que é no mínimo curiosa. A minha escolha no modelo foi baseada na versatilidade. O pedal possui duas opções de timbre com chaveamento por footswitch, e ainda conta com ajuste fino de Countour e Level:

morleyyy

Existem dois leds. Um que liga quando ativado o segundo modo, e um do outro lado que indica se o pedal está em Bypass ou não. Assim que você tira o pé do pedal, ele automaticamente entra em Bypass. Não é necessário pisar até o fim com força para desligar como em outros modelos. Existem vantagens e desvantagens. Quem não gosta de Bypass eletrônico vai achar ruim, mas os Dunlop também possuem um Bypass safado que precisa ser trocada a chave assim que você compra o pedal. A vantagem é a comodidade em desativar o Bypass. Com uma chave 3pdt e um furinho na caixa você resolve o problema sem grandes transtornos. Como uso uma quantidade pequena de pedais não senti necessidade na modificação. Entre os pedais com Bypass eletrônico este foi dos que menos senti alterações na sonoridade, ponto positivo.

Abri o pedal para conferir o trabalho:

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O pedal é construído nos EUA mesmo. Bem por isso achei que duas coisas poderiam ser melhores. Primeiro, a chave que ativa o segundo modo poderia ser de mais qualidade. Estas chaves duram pouco e custam 1 dólar lá fora. Mas também não é algo que você vá utilizar tanto quanto uma chave para Bypass. Segundo, apesar de bem construído e sem nenhum fio sobrando, o pedal foi feito naquilo que considero o pior tipo de fenolite que existe. O normal já é super frágil, este então é tipo um papelão. O que atenua isso é a caixa, feita em chapa de aço a prova de tudo. Dá para sapatear em cima do pedal que ela não dobra. Vendo por esse lado até consigo perdoar a falha na placa. Muito cuidado para quem for algum dia soldar seja o que for nela. Qualquer coisa as trilhas vão pular!

Os pedais Dunlop saem de fábrica com metal injetado extremamente resistente e com placas em fibra de vidro. Tinha que falar, me desculpem. hehehe

O que a Morley esqueceu em acabamento, investiu pesado no desenvolvimento da sonoridade que é incrível. Não me arrependi da compra e espero no futuro testar outros modelos. Outro que já fica pendurado na lista é o de volume, que pode ser utilizado para controle de ganho em distorção também. Uma mão na roda!

Bora pro som:

Ts9

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Pela primeira vez no blog um TubeScreamer original. Existem ótimos clones e pedais com a mesma sonoridade, mas é sempre legal falar de um ícone que inspirou todos os outros. É sabido que o primeiro deles foi o Ts-808, mas o seu irmão direto também contou muitas histórias no mundo musical. O modelo que apresento aqui é atual. Existe toda uma história sobre o aparelho e suas diferentes fases de produção. Quem tem interesse nessa história e também na origem dessa emblemática série de pedais pode consultar clicando AQUI. A principal diferença entre o Ts9 e o Ts808 está na etapa final do circuito. Em miúdos, o Ts9 tem um som com os médios mais carregados, enquanto o Ts808 tem uma sonoridade mais grave. Outra diferença que sempre existiu entre eles foi os modelos de circuito integrado. Atualmente os dois são produzidos e recebem o mesmo circuito, o famoso JRC4558D. Um Ts808 reedição custa uns bons cobres a mais que um Ts9. A diferença entre eles está em dois resistores.

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Os dois resistores que é preciso mudar já saem de fábrica com uma tinta marrom nos terminais. Legal, não? Não tenho a certeza se fazem isso para quem quer modificar ou por facilitar na hora de montar os pedais, já que o Ts808 recebe a mesma placa.

O pedal não traz nada novo além do regresso do integrado JRC4558D que por anos veio com o tão odiado JRC2043DD.

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A caixa é a mesma de sempre, alumínio fundido. Os potenciômetros são alpha e os jacks parecem muito com os da Amphenol. A diferença estética para os primeiros modelos é o led. Antigamente utilizavam um led comum vermelho. Agora o pedal vem com um led transparente, que quando ligado também fica vermelho. O detalhe é que não é um led de alto brilho. Ele fica super fraquinho e você só consegue ver se o pedal está ligado se for visto de cima. Muitos guitarristas trocam por um led vermelho de alto brilho nas duas edições do aparelho.

O som não desaponta, é um classico. Infelizmente não tenho como comparar o modelo antigo e o novo. Mesmo assim o modelo atual tem um som lindo e com um grão que muitos clones e derivados não conseguem ter.