Fender Blues Junior

IMG_6060Não é sempre que falo sobre amplificadores. No total deve ter dois ou três posts no blog sobre isso. Vou aproveitar a oportunidade e falar de um pequeno gigante que me chegou em mãos. O Fender Blues Junior é um amplificador totalmente valvulado lançado em 1995. Foi uma nova aposta da marca para competir no mercado dos valvulados com um amplificador barato, pequeno, leve, muito versátil e com uma sonoridade incrível. Podemos dizer que ele pertence a uma nova geração de amplificadores valvulados. Já não utiliza válvula retificadora e o reverb é construído com um circuito integrado. É comum as marcas colocarem na descrição dos seus novos produtos algum tipo de lembrança que remeta aos timbres clássicos de seus equipamentos. Quase sempre é furada. A Fender se superou desta vez, conseguindo reviver muitos timbres clássicos de outros amplificadores da marca em um só. Com o mercado borbulhando, era necessário lançar algo novo, que pudesse atender do músico iniciante ao profissional. Uma das características que considero mais importante é a potência. O aparelho vem equipado com duas EL84 em push-pull com uma potência de saída de 15 watts. É  suficiente e você pode tocar bem em casa. Dá para tocar tranquilamente com banda em um ensaio, em pequenos bares e pubs ou até mesmo em grandes palcos com captação para PA.

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É claro que tudo tem um preço. Não é um canivete suíço. Se você pensa em ter um valvulado para sons mais pesados, pare por aqui. Ele atende muito bem do jazz ao classic rock. Mais forte que isso vai ficar pelo caminho, pois não foi pensado para este fim.

Com o sucesso da sua aparição, o amplificador ganhou muitas versões limitadas. A versão do exemplar aqui no blog, Blues Junior NOS Tweed, é limitada. A diferença para o tradicional em tolex preto é o acabamento e o alto falante, neste caso um Jensen C12N. A versão preta padrão recebe um falante genérico da Fender. Todas as versões especiais apenas recebem o acabamento e o alto falante diferentes, como um upgrade. No mais são todos iguais. Aqui algumas versões que já foram feitas:

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Estas versões são apenas uma amostra do que a marca já lançou. Todos os anos são lançados novos modelos, com apenas algumas centenas de amplificadores produzidos. A versão mais comum e fácil de encontrar é a Tolex:

tolexO preço de tabela do modelo preto é de 500 dólares aproximadamente. Muitas pessoas não ligam para o acabamento, compram em preto mesmo e depois realizam um upgrade para um alto falante do seu gosto.

Falando do circuito

amp

São 5 válvulas operando. 2 12ax7 no pré, 1 12ax7 na parte inversora e 2 EL84 na potência. O projeto tem apenas um canal. O controle de Volume que na verdade funciona como Ganho, e um controle Master que é um volume geral. Além disso possui controle de graves, médios, agudos e reverb. Como um extra vem o botão de Fat mod que reforça os graves e dá um pouco mais de volume e ganho na saturação. O mesmo pode ser acionado via footswitch. O legal deste tipo de pré de um canal é que pode-se controlar o instrumento no botão de volume e não fica refém de ficar toda hora pisando em footswitch para trocar de canais e ter de ficar compensando volumes de limpo, base crunch e distorção para solo. É o projeto perfeito para se usar com um ou dois pedais de drive ou boost.

Como falei no início, o amplificador é totalmente valvulado, mas não totalmente livre de semicondutores. Além da retificação por diodos e do controle de reverb por um circuito integrado, ainda tem um transístor FET de chaveamento para ativar a função FAT Mod. Como disse, é apenas utilizado para chaveamento. Ele liga e desliga um capacitor no cátodo de um dos estágios do pré. Em alguns amplificadores antigos isso é feito simplesmente com uma chavinha de comutação manual, mas gera ruídos, estalos e pops muito altos quando ativada, por isso utiliza um transístor. Em nada afeta o som ou tira o seu caráter de amplificador all tube. A mesma coisa vale para o reverb, que utiliza um integrado apenas como driver para excitar as molas e o circuito não está ligado em série com o sinal que atravessa as válvulas.  Com estas simples soluções é possível evitar problemas de ruídos e ter uma válvula a mais só para o reverb, gerando mais peso e custo ao produto final. Penso que foi uma decisão acertada que em nada compromete o som do bichinho. Existem muitos guitarristas que utilizam amplificadores valvulados e no loop colocam até reverb digital. Questão de gosto. Eu gosto das duas opções.

Uma curiosidade sobre o painel é que os primeiros modelos e as séries especiais possuem o painel estilo antigo, cromado e com a serigrafia invertida:

antigo

novoOs novos painéis são em preto fosco e recebem no lugar da “gota” vermelha um “olho de boi” ou “jóia” como indicativo de funcionamento. Em todas as versões por trás deste suporte está um led vermelho comum. É possível nas versões “gota” vermelha colocar outro suporte e outra cor de led, seja ele normal ou de alto brilho. Na versão “jóia” é mais complicado de mudar a peça e a cor, uma vez que esteticamente ela é igual aos modelos antigos, mas no encaixe, rosca e suporte ela é totalmente diferente. Nestes casos o melhor é deixar como está ou no máximo por um led vermelho de alto brilho para reforçar e ficar mais bonito. Nos outros modelos o céu é o limite.

Em cada versão a alça é diferente. Na Tweed é uma espécie de couro, na tolex começou com uma alça de plástico e passou para uma borracha bonita e rígida. Em algumas versões os pés são de metal, em outras são de plástico.

Apesar de ser um projeto “novo”, já passou por diversas mudanças. Inicialmente o amplificador era produzido nos Estados Unidos e vinha equipado com a placa de circuito impresso em fibra de vidro:

green

Em 2001 a produção foi transferida para o México para reduzir custos e aproveitaram para rever o projeto. O ponto negativo é que passou a vir com uma placa de fenolite muito frágil, mas junto vieram mudanças significativas no projeto e no desenho da placa melhorando a tonalidade, o funcionamento do reverb e resolvendo problemas de roncos, ruídos e oscilações do traçado antigo. De “green board” passou para “cream board”.

IMG_6062Na parte eletrônica a única coisa que realmente deixa muito a desejar são os potenciômetros.

pot

A qualidade é péssima. Eles funcionam bem e dificilmente apresentam ruídos, mas são muito frágeis. Mais frágeis que os mais vagabundos encontrados no mercado. Se forçar um pouco no término do percurso ele já quebra. Para a manutenção ou modificação do aparelho é necessário um cuidado gigantesco com eles, pois podem quebrar até ao tirar os knobs. Tirando isso o amplificador é muito robusto e bem construído. Chassi grosso em aço, jacks de boa qualidade, circuito bem construído com resistores FP (fire proof) nos pontos mais críticos, que também foram resultado das melhorias feitas no projeto em 2001. Tanto a fiação como os encaixes são de boa qualidade. Na versão III o amplificador já vem com um retentor para as válvulas de potência, com duas molas e uma chapa de aço com borracha nos furos que encaixam no topo das válvulas.

Em um futuro post vou falar mais sobre essa parte de circuito, por enquanto foi uma apresentação geral do aparelho.

Conclusão:

O amplificador além de bonito tem um som incrível. Consegue trazer para os seus ouvidos o melhor do Blues. Tudo em um só caixote. E por falar em caixote, ele tem o som de um. É um pouco limitado, soa pequeno, mas com algumas modificações é possível resolver isso. Outro ponto interligado é a equalização, que atua pouco e o amplificador tem um som um pouco pobre em médios-graves e fica um tanto metalizado, mas também tem solução. E é sobre estes pontos que falarei no futuro.

Por enquanto fica aqui uma pequena amostra sonora gravada com um celular. A guitarra utilizada foi uma Fender Strato com captação Texas Special. O amplificador está “stock”, como veio da fábrica.

Gt2 Handmade

Bem… Um amigo que tinha um pedal antigo estragado entrou em contato comigo e pediu para eu tentar resolver o defeito no aparelho. O pedal não passa de um clone do Sansamp feito com o projeto disponível no site Tonepad e vendido no Mercado Livre nos passados anos de 2003/2004. Na época houve o grande “Boom” dos handmades e apareceram jovens de todo o país fazendo pedais a preços muito convidativos. Não vou entrar em detalhes sobre o fabricante. Só sei que em 2005 acabou a produção. O pedal aparentemente foi ligado em uma fonte inadequada e danificou praticamente todos os semicondutores. Além disso, numa tentativa de arrumar o pedal, o meu amigo acabou piorando a situação e foi assim que o pedal estava quando chegou:

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Altas “Gambis”. O pedal veio com um led e um DPDT que comia muito sinal. O correto seria utilizar um 3PDT ou DPDT e algum circuito de apoio como o Millenium Bypass. Optei por desativar o led e já falo o motivo. Além de várias emendas e soldas frias, o pedal foi construído em uma caixa de plástico e revestido com uma espécie de papel alumínio por dentro. Como sabemos os circuitos por natureza são sensíveis, mas este em questão é o campeão. Quem monta apanha para acertar a mão, mesmo quando confeccionado em caixas metálicas com todo o capricho do mundo. É um pedal muito bacana, só que nunca me animei en montar por saber o pepino que é deixar tudo certinho. Por conta disso o pedal teve várias remodelações no layout da placa desde a sua aparição na internet.

Justamente por essa instabilidade, optei por não adicionar nenhum circuito de apoio para o led, uma vez que não tinha nenhum 3PDT disponível aqui na oficina para deixar o pedal totalmente funcional. Como disse ao meu amigo, não vale a pena em um pedal de plástico ficar colocando dinheiro. Quanto muito ele tem um desempenho aceitável para treinar em casa ou para algumas gravações.

Gravei algumas coisas dentro do possível, mas com determinadas funções o pedal fica muito ruidoso e chega a apitar. Em caixa de plástico não dá! Fica a dica Capa para Amp

Fender Texas Special

2013-11-07 14.51.28Hora de trocar a captação. Faz tempo que queria ter em uma das minhas guitarras a captação Fender Texas Special. Como já postei anteriormente, tenho um set Sergio Rosar Vintage Hot que são muito parecidos. Resolvi fazer a derradeira comparação.  Foi instalar, plugar e testar. A resposta dos dois é muito parecida. Os Texas ainda possuem mais médios e um som mais anasalado, mas no que toca a médios e agudos achei as captações iguais, bem como a consistência do timbre em geral. Fiquei contente com a substituição pois acabei por fazer o upgrade com os Sergio Rosar para outra Strato que estava carente de atenção. Gravei um breve som assim que fiz a troca: