BOSS SD-1

Velho conhecido da galera, o pedal entrou no mercado em Fevereiro de 1981 para bater de frente com o então já famoso Ts-808. Na verdade a marca diz que este veio solucionar o problema da falta de controle de tone no OD-1 que já era o precursor deste tipo de overdrive em meados de 1977. Não consegui apurar quem chegou nessa fórmula primeiro, se a BOSS ou a Ibanez. Se alguém tiver a informação por favor comunique. O fato é que foi no final da década de 70 e foi tão bom que os efeitos duram até hoje sem grandes modificações nos circuitos e copiados por muitas marcas. Em 1988 a marca mudou a sua produção do Japão para Taiwan. Isso promoveu grandes mudanças e os pedais vieram para o mercado com outra qualidade. Há quem diga que os novos produzidos em Taiwan simplesmente não prestam. Não é bem assim. Não foi só a mudança de fábrica que afetou a produção. O tempo passou e os fornecedores mudaram também. As empresas infelizmente também são reféns da indústria que fabrica os componentes. Tanto os Ts-808 como os SD-1 sofreram com a interrupção na produção dos clássicos JRC4558 por décadas e a partir daí a coisa não foi mais a mesma. Hoje em dia voltaram a ser fabricados, mas não com a mesma qualidade de antes. O problema é sempre o mesmo. Existem boas diferenças entre os dois pedais. A principal que eu notei foi a utilização de capacitores Metal Foil nos SD-1 e Polyester nos Ts-808, além de alguns componentes de valores diferentes. Mas a alma dos dois é a mesma.
O exemplar que me chegou em mãos é de Março de 2007 e gostei bastante.

Para quem já abriu um pedal da BOSS não tem surpresa. A construção é profissional e o equipamento inspira confiança. Placa em fenolite, mas muito bem protegida pela caixa de metal. Ao contrário do BD-2 achei os potenciômetros com uma qualidade bem inferior e estão bem mais sujeitos a problemas de entrada de sujeira ou umidade.

O mesmo “problema” de todos os pedais da marca, assim como os Tube Screamers e afins, é o bypass eletrônico que sempre dá uma cortada no sinal. Existem mods como o do Keeley que resolvem isso. Para quem quer o pedal para a vida interia vale a pena esse tipo de investimento.
Circuito simples que já conta com um bypass com buffers em uma construção robusta e bem pensada.

Aqui uma foto retirada da internet da versão antiga feita no Japão:

Dá para ver bem as diferenças das novas versões. Os componentes feitos hoje em dia são diferentes. Capacitores, resistores, semicondutores. Especial atenção aos semicondutores que mudaram várias vezes de empresas e produção. Falei em outro post a real dos semicondutores produzidos hoje em dia que não cumprem em qualidade nem em especificação o que é colocado no datasheet. A maioria sofre de ganho muito baixo.
Conclusão:
Não tenho um dos antigos para comparar, mas sabendo o quanto as coisas mudaram não duvido que a mudança tenha sido drástica. Mesmo assim o pedal para o custo de aproximadamente 250 reais que possui no nosso país é um bom concorrente ao Ts-9. É claro que existem boas diferenças. O Ts-9 ainda acho mais pedal, tem um som mais aveludado. O SD-1 achei o som mais raspado e seco. Talvez da nova versão? Não sei, um dia tiro a dúvida.
No geral é um pedal muito bacana, versátil, vendido por um preço até justo para os costumes brasileiros de superfaturamento e com um rendimento acima da média. Vale a pena o mod no bypass e até um upgrade nos componentes. Existe a possibilidade de conversão para Ts-808 o que considero muito atraente. O tone dele achei que atua melhor que o problemático Tube Screamer e penso ser um baita ponto positivo.
Se não estivesse bem servido de overdrives comprava um fácil para ter colado no meu set.
Sample:

Guia de Manutenção de Instrumentos

Um instrumento assim como o corpo humano também precisa de cuidados. Não procuramos um médico por qualquer dorzinha, mas quando a coisa aperta temos que recorrer. Foi pensando nisso que o meu amigo e luthier de confiança Carlos Eduardo elaborou um guia que ele fornece para os seus clientes para cuidados e regulagens simples nos instrumentos de corda. Ele me disponibilizou para por no blog gratuitamente para vocês. Não é por qualquer coisa que você vai procurar um luthier. Existem pequenos ajustes que você pode fazer na sua rotina que ajudam a manter o instrumento em ordem e alivia nos gastos também. O manual é de bolso, bem simples e vale lembrar que a informação que considero mais importante está no final:

Em caso de dúvida, contatar sempre o seu luthier de confiança.

Para situações mais complexas procure sempre um luthier!
O guia você pode baixar AQUI.

Yamaha NTX900FM

Fala gente, tudo bem? Esta semana dei um trato no meu violão que já precisava de cordas novas e uma boa limpeza. Foi aí que deu o click e resolvi falar desse maravilhoso instrumento aqui. Não sou especialista em violões, mas de todos que procurei, este me cativou. Pela metade de 2011 eu procurava um violão de nylon de boa qualidade e com boa captação para tocar umas levadas MPB e Bossa Nova. Rodei várias lojas e coloquei na cabeça que não podia gastar mais do que mil reais. Nessa divertida busca me deparei com violões lindos com timbres magníficos. Até o dia que caí na besteira de dar uma testadinha em um modelo mais carinho. Resultado: Saí da loja com o violão que custava o dobro mas saí feliz da vida. Foi uma coisa incrível quando toquei nesse violão. Esta série de violões com a sigla NTX possui três modelos. NTX700, NTX900FM e NTX1200R. Todos profissionais, mas com preços bem distintos. O meu é o do meio e conta com as mesmas características de tamanho e captação dos outros dois. A diferença entre eles está no tipo e qualidade das madeiras. Mesmo o modelo mais simples é um espetáculo. A série é utilizada por artistas como Zeca Baleiro e Maria Gadú. Vou focar o papo no modelo que possuo, mas quem quiser maiores informações pode encontrar AQUI.
A série conta com um sistema de captação por meio de ressonância patenteado pela marca como A.R.T. Além da captação, vem com um poderoso preamp dotado de um equalizador de 3 bandas, volume geral, os mega úteis controles de volume por seção de cordas (graves e agudos), e um ótimo afinador, além de um led indicador de bateria fraca:

O som desse sistema é lindo. Sem perder brilho, grave ou definição. Muitos artistas gravam álbuns inteiros com ele gravado direto na mesa. A captação não deve em nada para as da Fishman que é líder em captação para instrumentos acústicos. As informações sobre as madeiras são as seguintes:
Corpo fino (thin body) em Nato, cutway, tampo sólido em Solid Spruce, braço em Nato, parte traseira e laterais em flamed maple. A construção é muito bem feita e o tampo além de bonito é muito resistente:

O braço é feito em nato, muito bonito e muito duro. Não empena fácil. Tenho o violão a quase 2 anos e até hoje não tive nenhum problema de braço. Vale falar do acabamento tanto do headstock com uma folha de madeira mais escura por cima, como a parte de trás do braço que leva um acabamento fosco e a mão não prende ao tocar quando está suada. Achei isso animal. Já vi em violões de luthier, mas nos violões de série é mais difícil ver este mimo:

O violão é pensado no mundo profissional. Não existem bolinhas de marcação na face da escala, mas por cima foram colocadas de forma discreta para que nem o mais bem preparado músico se perca nas notas:

Não posso deixar de falar da qualidade e do detalhe na instalação dos trastes. Foram colocados e escondidos os cantos com um acabamento perfeito. As tarrachas que além de serem de alta qualidade, são muito bonitas e combinam com a madeira do braço:

Agora a parte que mais gosto no instrumento. O cuidado que tiveram em fazer laterais e tampo traseiro inteiros em flamed maple com um verniz amarelo e muito brilhante por cima:

Como podem ver na foto, o violão é relativamente fino (80-90 mm). Não tem uma projeção acústica muito forte, mas a ideia é ser transportável e leve. Mesmo assim a acústica é muito bonita e nada impede de ser microfonado para gravações em estúdio. Para palco só no elétrico mesmo.
O violão ainda vem com um belo abafador para evitar microfonias quando utilizado em shows:

Parte do jack muito bem acabada que também serve para prender a correia:

Conclusão:
Um instrumento profissional digno da propaganda que é feita. Considero um violão perfeito e que atende 90% dos músicos que tocam por aí. Só não atende tanto quem viaja mais pela música clássica ou então tem uma exigência muito grande em relação às dimensões e características do instrumento. Mas nestes casos mais particulares é mais coerente procurar um luthier e ter um instrumento feito sob medida. O que achei mais impressionante no instrumento não foi o acabamento ou o som. Realmente isso não há o que discutir, ao menos no instrumento que eu adquiri. O que me impressionou foi o fato do instrumento sair de fábrica completo. Todas as peças de qualidade. É raro comprar um instrumento em uma loja e não ter a necessidade de fazer nenhum tipo de upgrade. É comprar, sentar e tocar… Plug and Play!
Sample:

Marshall MS-2

Um dia lá por meados de 2004 visitei a “oficina” de eletrônica de um amigo e reparei jogado em um canto um pequeno amplificador. Perguntei o que fazia ali. Ele me falou…
“Estragou um potenciômetro mas não encontrei para comprar, se você conseguir arrumar pode ficar com ele.”
Na hora peguei e levei para casa. Onde morávamos na época era muito complicado conseguir potenciômetros, mas nada que uma ligadinha para uns amigos não resolvesse. E assim foi. O amplificadorzinho está até hoje comigo e como está parado resolvi presentear um amigo.
Não sei bem quando a Marshall introduziu este pequeno gadget no mercado, lembrando que já é um filho da tecnologia e é fabricado na china. O amplificador cabe na palma da mão, possui um falante pequeno e uma potência de 1watt. Ele pode ser utilizado com uma bateria 9v ou então com uma fonte de pedais…
O consumo oscila um pouco. No estado ocioso (sem tocar) ele tem um consumo fixo de 20mA, mas quando no volume máximo e em overdrive tocando acordes ele pula pra 200mA. Com uma bateria de boa qualidade você consegue tocar tranquilamente de 3 a 4 horas com ele. Se pegar leve no barulho dura até mais.
Vem com três controles:
Volume, Tone e um botão que desliga, liga e chaveia para o modo overdrive.
É um amplificador muito útil para tocar pela rua ou estudar em casa sem chatear os outros. Ele tem uma saída para fones de ouvido e no geral o equipamento não apresenta ruídos.
Ainda existem outras versões com outras cores, acabamentos e tamanhos, mas o princípio é o mesmo:

O circuito do amplificador é muito simples e lembra o de um pedal básico de overdrive:

O integrado de potência é um KIA6213 muito difícil de achar aqui pelo Brasil. Pelo que pesquisei algumas versões vieram com um LM386 de fácil acesso. Por outro lado é um componente que dura e não queima por qualquer coisa, ainda mais se o amplificador for utilizado na bateria.
Uma das coisas mais legais é o clip que vem na parte de trás para prender na cintura:
 Aqui um detalhe interno:
A placa é de fenolite e todos os itens do painel são soldados direto nela. O modelo simples do amplificador custa em média 45 dólares e é vendido pelo Brasil por +- 200 reais.
Para os entusiastas a turma da internet já soltou mods para turbinar o timbre e melhorar o pequeno brinquedo e você pode encontrar por AQUI.
 O som limpo dele é muito bom e também vem com um overdrive que surpreende. Não é um amplificador profissional e nem é esse o mercado que ele procura atender. Serve para treinar, brincar e descontrair com os amigos. Já vi gente tocando com um em praças, metrôs e a potência é suficiente para atrapalhar qualquer um. Faz mais barulho que um celular no máximo tocando funk… Já pensou?

Para fechar, vale falar que existe ainda um mod para utilizar com caixas externas feitas para amplificadores grandes. Achei um sarro e o resultado é até bem legal: