Quem acompanha o blog sabe que gosto de dar a minha opinião sobre os equipamentos, principalmente nos que possuo pois tenho todo o tempo do mundo para testar e dar a minha sincera opinião.
No passado ano de 2010 resolvi dar um “up” na minha fender. Trata-se de uma fender american standard. Comprei usada e vinha com o captador do braço e do meio originais e na ponte um dimarzio DP-217. O primeiro e antigo dono dela me entregou também o captador da ponte original. Nunca gostei daquela captação que não contribuía em nada para a guitarra mostrar o que vale. Sempre namorei o set Texas Special da fender e juntei uma grana para colocá-los. Estava certo que iria gastar uns 800 reais +- e a vontade de deixar a guitarra como eu queria era grande. Viola no saco e fui ao luthier. Cheguei e pedi o que desejava. Conversa vai, conversa vem e o profissional guitarreiro me falou….
– Existem estes captadores do Sergio Rosar que são similares e a turma está gostando muito. São nacionais.
Fiquei um pouco confuso e como bom brasileiro que sou não levei muito a sério o negócio. Mas pela metade do que eu ia gastar num Texas resolvi arriscar. Como disse o luthier, na pior das hipóteses vendia e depois comprava os que inicialmente queria.
Até então eu nunca tinha colocado uma captação do gênero em minhas guitarras. Após aqueles longos e agoniantes dias de espera, fui buscar a minha menina…
Gostei muito do que vi e ouvi. Capinhas brancas de boa qualidade e um som muito dinâmico.
O som do set Vintage Hot é realmente quente, tem um ganho bem moderado/alto para singles, apresenta uma equalização super equilibrada com graves redondos e nada percussivos contrariando os captadores realmente vintage. Os médios são equilibrados, uma característica que achei muito boa em comparação aos texas special que recebem uma carga de médios muito acentuada e ligados a um tubescreamer fica ainda mais anasalado e “entubado”. Os agudos não são tão estridentes como na captação original e recebem um toque aveludado e arredondado também influenciado pelo magneto de alnico. Além de todos esses detalhes, reparei que o ruído era inferior aos tradicionais singles que acompanham as guitarras. Praticamente zero.
A construção é profissional e no lugar do plástico injetado usam fibra de vidro que é um material muito mais resistente e não deforma com o tempo. Só tinha visto um acabamento assim nos captadores da marca Seymour Duncan. O banho de verniz que leva é bom e nunca sofri com microfonias mesmo com o volume bem alto.
O set traz os três captadores já calibrados para as suas posições finais, parafusos e borrachas para instalar no escudo. Há quem use molas, mas não é uma solução muito fiável e profissional. Sou tradicional nessas coisas. O ideal é comprar o set pronto para evitar problemas de ganho. Quem quiser mesclar com outros captadores pode consultar um técnico de confiança ou falar diretamente com o fabricante.
Um dia vi uma citação no mínimo curiosa em um fórum gringo onde na assinatura um dos usuários dizia: “tudo que se diz vintage não tem nada a ver com vintage”.
Como em outras áreas comerciais, o mercado de instrumentos e acessórios sofre com um marketing violento que usa nomes fortes como blues, vintage, rock, 59′ para passar uma ideia que não corresponde em nada com o que era feito antigamente. Esse set de captadores não se parece em nada com um captador vintage, mas ainda assim tem qualidades muito boas e permite ao instrumento moderno ter uma tonalidade mais clássica.
Intrigado com toda essa pressão e propaganda do mercado resolvi investigar pela internet e no site do fabricante para ver até onde encontrava detalhes sobre seus produtos. Foi uma leitura muito agradável onde pude entender como são desenvolvidos. Copiar todo mundo copia, e isso está cada vez mais “cara de pau” em tudo quanto é produto nos tempos que correm. O que mais me chamou a atenção foi o artigo onde falam do estudo que fizeram sobre a forma como as stratocasters foram fabricadas ao longo das décadas para desenvolver captadores mais adequados às medidas praticadas e materiais utilizados atualmente. Principalmente no que diz respeito ao diâmetro, altura e espaçamento dos pólos dos captadores. Aí entendi que não se tratavam de simples cópias. Ficou mais claro que é uma versão melhorada dos texas que eu tanto queria. Para quem gosta de um timbre limpo impecável e um som puramente blues recomendo os captadores. Fiquei feliz ao encontrar um produto nacional tão bom ou melhor do que os fabricados lá fora. Não me arrependo do conselho que segui e hoje tenho mais uma guitarra em fila de espera para receber essa captação. Da marca espero que o preço e a qualidade continuem caminhando juntos e de forma justa.
Segue sample em um show. Overdrive utilizado Scream X: