E segue a saga dos overdrives! A bola da vez é o Boss Blues Driver.
O Blues Driver foi lançado em 1995 após o ressurgimento da moda do blues nos Estados Unidos. O estilo ficou um pouco apagado nas décadas anteriores e teve um “boom” com artistas como Eric Clapton e Gary Moore. O que contribuiu para isso foi também o falecimento do guitarrista Stevie Ray Vaughan que poucos anos antes fez um verdadeiro estrago neste estilo musical. Do ano de seu lançamento até hoje, o pedal é produzido em Taiwan. Para quem tem um, pode consultar o mês e ano de fabricação inserindo o serial neste site aqui: http://www.bossarea.com/serial/sndecoder.aspx
Dá para consultar outros pedais da marca também. O meu é de Abril de 2007.
Na época em que foi lançado o BD-2, o Tubescreamer já era um nome de respeito no som de overdrive para blues. A ideia foi criar algo novo. O Blues Driver consiste em um pedal de médio/alto ganho com um overdrive mais ardido e extremamente granulado. Enquanto o TS traz um som aveludado, este traz um som raspado e roncado lembrando muito a saturação de válvulas de potência como as 6L6 e vai de um drive limpo ao fuzz com o ganho no máximo. Como falei no post do Scream X, adorei a ideia da dinâmica ao toque que encontrei nesse pedal. Mostro isso no sample no fim do post. Você toca leve, o som sai limpo, e vai saturando conforme o ataque nas cordas.
O pedal vem muito bem construído no seu padrão “BOSS” de ser, com jacks e potenciômetros de grande qualidade. Os potenciômetros além de serem de boa qualidade, possuem um isolamento incrível e é praticamente impossível entrar alguma sujeira neles. Quanto estragam é por mau uso ou desgaste. O pedal é estiloso, com um azul presente marcando a essência do pedal com serigrafia das letras em amarelo. O compartimento da bateria é de fácil acesso e totalmente independente da parte onde fica a placa, assim evitando contato direto das mãos com o circuito na troca da bateria. O pedal consome muito pouco, cerca de 13mA e uma bateria nova dura vários meses dentro do pedal. Lembrando que quando não for utilizar, tirar o jack do “in” do pedal para não existir consumo do circuito. Também tem entrada DC para ser alimentado por fonte.
A placa é bonita e muito bem acabada com trilhas envernizadas. Infelizmente as marcas adoram poupar e como já é costume o material usado é o fenolite. Só não faço disso uma tempestade maior porque a parte onde fica a placa fica guardada é excelente, então não é algo para se preocupar.
O bypass é ativo, feito através de buffers como em todos os outros pedais da marca. Não altera praticamente nada do sinal, então não vejo necessidade de fazer mods. Já vi vários pedais BOSS interligados sem comer sinal. Foi uma solução que funcionou. Há quem não goste e modifique, mas para mim está bom assim.
No primeiro contato que tive com o pedal a primeira coisa que notei logo quando liguei é uma perda de graves quando o efeito está ligado. Para resolver esse “defeito” entre outros preciosismos, surgiram vários técnicos internacionais oferecendo mods para o pedal. O mais conhecido e respeitado é o “Phat Mod” criado pelo renomado técnico Robert Keeley. Este mod resolve o problema dos graves, dá um tapa no ganho e na definição do pedal e de quebra inclui um led bonitão azul no lugar do vermelho que não combina em nada com o a arte do aparelho. John Mayer entre outros usam Blues Drivers com esse mod. Aqui no Brasil o Eugênio da EFX effects oferece essa modificação. No futuro vou fazer no meu, aí coloco aqui a minha opinião.
O pedal como comentei lembra as 6L6 saturadas e procurando um pouco mais na internet percebi que ele foi muito inspirado nos amplificadores da Fender. Existe em seu circuito um equalizador igual ao dos amplificadores da fender.
A única diferença é que ele é fixo no circuito e não possui potenciômetros para ajustar. Mas a ideia é conseguir uma tonalidade daqueles amplificadores. Realmente lembra bem, só poderia vir com os graves fender bons de fábrica, né?
Não sou um grande fã dos pedais da Boss, mas andei namorando por três anos esse pedal até que um dia ganhei coragem, toquei e comprei o meu. É um overdrive com estilo próprio e é bem por isso que nunca saiu de linha desde o seu lançamento. Não é melhor nem pior que outros overdrives, é unico. É um pedal que tenho e não me desfaço por nada. A única coisa que provavelmente vou fazer nele é um “Phat Mod” para ficar 100%. Ahh, O led azul também é essencial!
Samples (Fender American Strat):
Parabéns Francisco pelo Blog! De ótima qualidade! Gostei muito dos textos.
Att, Felipe Navarro