Gosto de novidades. E gosto também de sempre que possível testar ou mesmo ter um produto nacional. Recentemente adquiri um pequeno grande valvulado, um Acedo 288.
Optei por um modelo pelado, sem loop e reverb pois queria um amplificador pequeno e super simples para ensaios e pequenos shows. Vou fazer aqui uma análise sincera do que me chegou em mãos. Quando abri a caixa fiquei surpreso com a beleza e acabamento do amplificador. O amplificador é lindo! Super bem acabado, sem nenhum defeito de finalização como bolhas no revestimento sintético ou pontas levantadas. A alça é forte e as cantoneiras cromadas protegem bem as laterais do amplificador. Os pés são de borracha e fixados com parafusos. De cara você vê que não existe economia na parte externa e está em um padrão internacional.
O painel é cromado e muito bonito com todos os controles gravados. Trata-se de uma chapa de metal cromada por cima do chassi. Com knobs “chicken head” que dão estilo e uma lembrança vintage.
Os jacks são bem estilosos com porcas cromadas arredondadas dando um acabamento limpo e delicado ao painel. As chaves estão dispostas para serem ligadas para o lado, o que achei muito bacana e conferiu personalidade ao projeto. Gostei muito do sistema de luzes de “ligado” e “stand by”, onde foram colocadas lâmpadas de neon que recebem alimentação direta da rede. Achei isso muito bacana pois normalmente são colocadas lâmpadas normais de 6v e alimentadas no mesmo enrolamento que aquece os filamentos das válvulas. São caras e difíceis de encontrar no mercado nacional. Estas são muito baratas, não aquecem e qualquer casa de eletrônica tem. Adorei a inovação.
Para por as válvulas é necessário abrir a tampa traseira. Soquetes cerâmicos de qualidade, com presílias de metal para todas as válvulas!. Ao abrir deu para ver melhor a construção:
Os fios são de boa qualidade e a montagem é muito limpa. Destaque especial para o chassi que é super grosso e com um revestimento de tinta preta muito bom. Além de robusto, está muito bem protegido contra corrosões.
Aqui o detalhe dos potenciômetros que se ligam ao circuito por meio de “fitas” de fios, contribuindo para a limpeza e organização interna. Os potenciômetros são Alpha 24mm. Ponto positivo!
Um dos poucos pontos negativos que encontrei no amplificador: Placas de fenolite. Infelizmente estas placas quebram com grande facilidade. Não é o caso de se preocupar pois como disse, o amplificador tem um chassi muito forte. Mas elas são sensíveis à umidade e podem empenar com o tempo. Também saltam as trilhas com alguma facilidade se não tiver muito cuidado na hora de soldar. As pistas por baixo são bem feitas, grossas e revestidas com solda. Por isso a oxidação não é um problema, foi feito para durar. Mais um ponto positivo para o amplificador é o bias individual para as válvulas de potência.
Vale também falar dos componentes. São bons, principalmente os da fonte. No circuito utilizam alguns capacitores MKT, EPCOS e cerâmicos normais. Os resistores das placas das válvulas de pré são de 1/4w. Normalmente por segurança usa-se 1/2w. É uma economia que eu não entendo muito bem… Mas nada que não possa ser resolvido com uns 50 centavos e um pouco de paciência.
Detalhe das chaves que são muito boas e os surpotes das lâmpadas de neon que dão um toque especial ao amplificador.
Os transformadores são bem construídos, bem envernizados e recebem chapas metálicas de blindagem. Bem dimensionados, não aquecem muito. Quando encomendei perguntei se podia ser bi-volt e me disseram que não. Até hoje não entendi o motivo. Ponto negativo mas sem grande importância para mim. Para quem toca cada dia em um lugar é uma pedra no sapato. O fio AC já vem no padrão das novas tomadas do Brasil com o pino de aterramento.
E o som?
Agora vem a parte mais simpática. O amplificador tem um som muito cristalino, bonito mesmo! A equalização atua bastante e a saturação do pré é muito bonita. Ainda que seja um amplificador de baixo ganho, a saturação é consistente e se combinada com um boost moderado chega em sonoridades bem Rock ‘n’ Roll. Este modelo tem duas el84 na saída fazendo 15w push-pull. Para quem acha que ainda é pouco, tive problemas no ensaio com a minha banda por causa do barulho. Só saturei o power sozinho no estúdio e garanto que é barulho pra caramba. É minúsculo e faz muito barulho este amplificador. Em volumes muito elevados, o amplificador vibra bastante. Se for gravar em estúdio com som limpo em altos volumes pode ser um problema pois essa vibração é um pouco evidente. Tenho um outro amplificador valvulado, um fender de 60w, que mesmo em alto volume não possui estas vibrações. Ainda não descobri onde vibra para tentar resolver. Mas nada crítico. Temos sempre que lembrar que é um amplificador pequeno e super compacto. Ele é praticamente do tamanho do alto-falante. Ele vibra como uma peça só. É muita coisa.
Por falar no alto-falante… Foi um modelo bem conseguido com som equilibrado e muito nítido.
Saturando as válvulas de potência o som ficou meio rachado e não gostei tanto… Mas para volumes “normais” ele tem um desempenho excelente. Nada que não se possa fazer um upgrade se desejar “arregaçar” o brinquedo.
Conclusão
Um produto nacional de alto nível. Não é um amplificador de “butique” e também não é um amplificador de “série”. É o meio termo entre os dois. Possui o acabamento e cuidado em fabricar com as mãos de um amplificador de luxo com o preço e a simplicidade de um amplificador popular. O valor que é pedido no amplificador é mais do que justo. É um produto com poucas coisas para melhorar e quase todas elas podem ser feitas pelo proprietário ou por um técnico. Penso que a única coisa que poderia vir melhor de fábrica era as placas em fibra de vidro. Não penso que iriam agregar muito valor final ao amplificador.
Em suma… Recomendo!