Fender Hot Rod Deville – Reverb

No amplificador HRDV o reverb é introduzido através de um circuito solid state. Antigamente o reverb era feito com uma válvula de pré e um pequeno transformador para casar a impedância do tanque com o restante circuito. Neste amplificador o reverb foi bem conseguido e o som é muito bonito e profundo. Soa tão bem quanto os reverbs valvulados e penso que não há necessidade de válvulas nesse tipo de circuito. A vantagem é que qualquer problema é fácil de detectar e resolver. É claro que também tem as suas desvantagens e já vamos ver isso. A parte de reverb é feita com um circuito integrado 4560:

Na primeira versão do amplificador era usado um TL072, que é mais fácil de encontrar mas também mais ruidoso.
Então, quais seriam as desvantagens? Para quem toca, nenhuma. Você só se depara com as desvantagens quando o reverb deixa de funcionar como aconteceu comigo. Até então era tudo uma maravilha. Mas tudo tem solução. São dois os maiores problemas:

1 – Fragilidade do tanque.
2 – Grande dificuldade em encontrar este tipo de tanque no mercado nacional.

1 – Por ser um tanque projetado para ser usado com transístores, a sua impedância de entrada é muito mais alta que os tanques para válvulas. Com essa impedância mais alta, requer mais voltas no transformador do tanque, um fio de cobre mais fino que um cabelo , e claro, com isso acaba diminuindo demais a corrente suportada por ele. Só para vocês terem uma ideia da fragilidade do tanque eu coloco aqui uma tabela de impedância e corrente de vários modelos e o que equipa o HRDV está em azul:

 É o segundo tipo de reverb mais frágil  fabricado pela accutronics. Imaginem que com 3,1mA de corrente qualquer pico de energia pode queimar o tanque na hora. Foi o que aconteceu comigo, mas faço aqui um “mea culpa” por isso ter acontecido. Onde moro agora não tem aterramento e sempre toquei com o amplificador assim mesmo. É o tipo de coisa que pode acontecer até com quem tem tudo bem instalado, mas eu abusei da sorte e um belo dia liguei o amplificador e não tinha mais reverb. Só agora no final do ano foi reformada toda a parte elétrica do prédio onde moro e já tenho aterramento funcionando em todas as tomadas.

2 – Não é impossível achar o tanque no brasil, mas as lojas estão voltadas a vender tanques para amplificadores mais antigos e com nenhum deles as especificações casam para este modelo. Quando tudo aconteceu eu estava com muita pressa pois já tinha um show na agenda e não podia ficar com o amplificador naquele estado. O modelo original dele é um 4EB3C1B. Até hoje não encontrei nenhuma loja com esse modelo em stock. No desespero acabei comprando um 9EB2C1B que possui as mesmas características de impedância, 2 molas longas como o original, mas possui um tempo e profundidade de reverb mais curtos. O som não fica tão “hall” e a duração realmente é mais curta. A tradição de reverb nos fender sempre foi a profundidade e duração. Provisoriamente serviu, e agora com calma estou encomendando um original para ter o amplificador como veio de fábrica. Pesquisei um pouco e descobri que o modelo que comprei é muito utilizado nos amplificadores da Peavey.

Reparo propriamente dito:
Foi uma dor de cabeça resolver o problema. Não só para comprar o tanque, mas quando fui trocar descobri que o circuito integrado que controla o reverb também havia queimado. Foi uma soma de azares. Trocar o integrado é super simples, mas é “só” necessário desmontar o amplificador inteiro e remover aquela placa gigante para fazer isso. É algo que leva uma tarde inteira e são muitos parafusos, detalhes e a placa tem de ser manuseada com muito cuidado pois por causa do seu tamanho pode quebrar com muita facilidade. Como desmontar o meu amplificador não é um esporte que eu pratique todos os dias e com grande desenvoltura, resolvi colocar no lugar do CI um socket e assim me livrar de desmontagens e soldas no futuro. Trabalho feito, só alegria:


Não tive mais problemas com o reverb desde então. Ainda aguardo o tanque original para deixar ele com o somzão que sempre teve, mas agora estou mais tranquilo pois só de ter um CI móvel já ajuda um monte se algo acontecer no futuro, o que eu duvido. Foram mais de 6 anos usando o amplificador e nada aconteceu. Acho que foi azar + falta de aterramento!
No próximo post sobre o Hot Rod Deville vou falar sobre a troca do transformador de potência.

Até lá!

2 comentários sobre “Fender Hot Rod Deville – Reverb

  1. O meu é de 1996, nao sei o que se passa, mas por vezes parace que o reverb distorce um pouco,,, achas que pode ser o mesmo problema que o teu?

  2. Olá! O seu modelo é um pouco mais antigo, mas a parte de reverb é igual. Os modelos mais antigos possuem duas resistências de 470 ohms na alimentação que devem ser alteradas para 300ohms. Resolve problemas de oscilação dos relés que mudam os canais e também instabilidade e distorções no reverb. Não posso afirmar que este é o problema do seu amplificador. Tente retirar o tanque e limpar bem os contatos RCA com WD-40. Pode ser apenas um mal contato. Ou é fonte, ou o integrado de controle ou então o próprio tanque. É melhor ir eliminando partes. Como o modelo é de 1996 eu começaria por fazer o upgrade na fonte e a limpeza dos cabos. Se não resolver é melhor ver o integrado e o tanque. Se você conseguir um outro tanque igual funcionando para testar seria o ideal.
    Depois me diga como ficou!
    Um abraço

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